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  A mais-valia de um destino singular

     

O Dia Mundial do Turismo foi celebrado esta semana, na perspectiva da biodiversidade.

Já aqui abordei essa vantagem comparativa que este arquipélago possui relativamente a outras regiões portuguesas e europeias.
Somos um território muito pequeno, mas o facto de sermos ilhas permite-nos englobar uma vasta zona marítima de valor incalculável. Até agora, no âmbito de uma perspectiva meramente militarista, defrendiamos ser senhores de uma superfície de um milhão de quilómetros quadrados. Todavia, com a investigação efectuada nos fundos marinhos descobrimos que, afinal, há potencialidades que ultrapassam muito a mera actividade piscatória. Os cientistas e investigadores dão indicações preciosas de que os Açores, podem desenvolver, num futuro próximo, actividades económicas subaquáticas de grande valia. Abrem-se, assim, novos horizontes a uma nova economia que vai muito além das tradicionais referências industriais e comerciais e entram no domínio da biotecnologia.
Por razões que não vêm agora ao caso, os estudos e investigações dos homens da ciência, têm demorado tempo demais, a resultados económicos.
Há exemplos comprovativos de que entre o anúncio de determinadas descobertas e o seu aproveitamento económico vai um tempo infindo. Quem não se recorda da tão apregoada fábrica de produção de hidrogénio na Terceira que, por se tratar de uma enertgia renovável, traria benefícios económicos significativos no consumo dos combustíveis? Ou da central eléctrica das ondas, no Pico, experiência piloto de grande significado para o desenvolvimento deste tipo de energia e que tem sofrido com o desinteresse das entidades ligadas ao sector?
É nestes tempos de crise que, arrojadamente, se deve avançar com novos projectos económicos, correndo mesmo o risco de algum não vir a ser, bem sucedido.
O turismo, ainda numa fase incipiente, deve ser um sector privilegiado para se desenvolverem actividades que aproveitem as potencialidades  singulares destas ilhas. Muitas delas encontram-se já salvaguardadas nos domínios do ambiente, da paisagem e da proteção da natureza. Algumas, como Angra e a paisagem da vinha da Ilha do Pico, integram-se na lista do património da UNESCO; outras fazem parte de redes naturais reconhecidas pela União Europeia, e ainda outras aguardam por classificação que lhes dá  direito à salvaguarda das instâncias europeias.
Em todas as ilhas, há vastas áreas cujo reconhecimento oficial impõe a sua salvaguarda. Aí está, portanto, um vasto campo onde se poderão desenvolver nichos de negócios turísticos que aproveitem a mão de obra juvenil, a maioria habilitada com o secundário e cursos universitários, todos eles propensos a inovar e a criar novas maneiras de ocupar os tempos livres dos que nos visitam.
A oferta turística açoriana, não pode confinar-se apenas às nossas belas paisagens, ao simples contacto com a natureza, aos circuitos pedestres e a pouco mais. Muito menos se acredite que estão no casino e nos jogos, incluindo o golf, as nossas mais-valias, como sucede a destinos  tradicionais.
A oferta turística açoriana deve assentar sobretudo na vida e no ser de um povo que moldou a sua alma e o seu querer, as suas tradicções e cultura e mundividências, na dimensão e fisionomia de pequenas ilhas, rodeadas de uma área marinha imensa, onde desenvolveu actividades económicas de grande fragilidade e risco.
Este é o valor matricial destas ilhas que importa revelar aos visitantes.  A nossa grande mais-valia deve ser a nossa singularidade e pequena dimensão, a riqueza ambiental e paisagística, reconhecidas recentemente nas “7 maravilhas de Portugal” e por outras entidades de inquestionável mérito mundial.
Não augura nada de bom que os operadores turísticos estejam mais preocupados em rendibilizar apenas investimentos na hotelaria, restauração e afins, oferecendo tarifas a baixos custos e não se preocupem em criar e oferecer novos produtos a um nicho de mercado que procura sobretudo os destinos exóticos e singulares.
O turismo em espaço rural, o desenvolvimento da culinária tradicional, as festividades religiosas e a recriação das mais genuínas e típicas manifestações sócio-culturais do nosso povo, são um manancial ainda não explorado e com grandes potencialidades.
A par disto, impõe-se fornecer aos visitantes informação detalhada sobre as áreas ambientalmente protegidas, monumentos históricos, cultura e tradições, envolvendo-os nessas manifestações e partilhando com eles as nossas vivências e formas de ser. Essa é a principal qualidade de quem bem recebe. Só assim, os turistas  se sintarão atraídos por um pequeno território insular.
A nossa singularidade tem dinamismo potencial para afirmar a marca de qualidade que pretendemos. Importa desenvolvê-lo que os resultados advirão, naturalmente.

 

 

 

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